quinta-feira, julho 13, 2006

Divagação/Disparate I


As pessoas, esses seres complicados e mesquinhos, más e boas, numa variação infindável. Como eu.
As discussões e os atritos são constantes, não fosse tanta a nossa diversidade em termos de personalidade. Nunca fui boa a discutir. Às vezes as palavras ferem. Mais do que actos, gestos, olhares transbordantes de fúria ou raiva.
E o Passado muitas vezes longínquo é num ápice trazido à memória, de imediato passa a ser um conjunto de fonemas vibrando nas cordas vocais, transbordando para fora dos lábios, e manifestando-se, estando ali de novo, fazendo-se Presente,
revela estranhamente ressabiamentos escondidos.

Confesso-me uma adepta de Passados saudosos, também alguém que evoca os momentos menos bom desse Passado com alguma facilidade. Mas há coisas que outros guardam dos nossos actos que nunca imaginamos, porque pensávamos que estávamos a fazer a coisa certa, e nessa altura, nenhuma palavra interrompeu o orgulho no momento oportuno pra nos dizer que estávamos mal.

“O que está feito, feito está” é uma frase cliché muito pragmaticamente inventada (ainda que esteja certa) para efeito de desculpa para alguma coisa dita ou feita, pois não tem remédio. É uma das formas práticas para colocar termo a uma discussão quando esta se centra numa acção já mais que realizada. “Adiante”, (mais uma expressão recorrente) andar para a frente sem olhar para trás, não me parece de todo viável quando somos feitos da matéria que os anos colocaram em cima de nós, quando somos feitos daquilo que fizemos ou dissemos. Eu importo-me com as palavras, com as discussões, esqueço-as num cantinho da memória, volto a recordá-las para encontrar-lhes o sentido. Não se começa uma discussão por nada. Começa-se por nós. Começa-se pelo nosso egoísmo, razão relativa, incapacidade de entender certas e determinadas coisas. Por puro prazer, masoquismo, maldade? Não serão discussões, serão ímpetos de alguém que não sabe o que fazer com o poder das palavras e as atira ao vento pelo prazer de ferir alguém ou a si próprio (ou que nelas só reconhece esse poder). Maus, somos única e invariavelmente, TODOS.
Tudo tem uma razão de ser. As palavras têm a sua. E terão a maldade que lhes atribuirmos…




Imagem retirada da pesquisa de imagens do Google.

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