sexta-feira, agosto 18, 2006

Quimera

E fazer versos cheios
Iguais aos suspiros do vento,
Ao rumor dos pinheiros
A ondular na passagem do ar,
Verdes como as copas
Do mais verde verdejar,

E exprimir
O silêncio fechado das paredes,
Ardores de suposto coração,
E a secura dos que sofrem das sedes,
Das fomes vis e incomensuráveis
Que vão além da razão
Dos Homens abomináveis,

E entregar, sentido,
Aos olhos de quem lê
Todo o desejo ardido
Do que cada olhar vê;

E imitar e igualar
A imperfeição perfeita
Do diáfano véu que cobre o mundo
E em cada morfologia eleita,
Ver nas palavras abismo profundo.

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