sexta-feira, julho 14, 2006

Silêncio


Senti-lhe o gosto,
Ardor desmesurado,
Até o som do cabelo crescendo,
A Saliva descendo a garganta,
O fumo a dissipar-se no ar
Silvo de animal inexistente.
Saboreio-o:
Os lábios entreabrindo-se,
A língua húmida
Num movimento de hidratação inconsciente.
As palavras presas nas cordas
E os pensamentos adivinhados
No mover de súbito ruidoso dos olhos,
Passeando pelas órbitas.
Retinia e ecoava por toda a parte,
Esse gosto à certeza
De que tudo estava por dizer,
Sustido apenas
Pela vibração intermitente
Da vontade de não dizer nada.
Fecundo e intenso,
Perdido entre os acasos,
Silêncio.




Imagem retirada da pesquisa de imagens do Google.

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