quinta-feira, agosto 31, 2006

Doce Mal




É mal, dizem.
Não são flores nem sonhos.
São pecados, tão medonhos.

Odeio serpentes,
Mas são as tuas mãos, quentes,
A ondular-me rasantes na pele,
Que me fervem o sangue no corpo,
A tomar tudo quanto há dele.

Fazemo-nos animais de sangue quente,
Entregues à fluidez,
Ao pecado da nudez reconhecida,
Sem timidez, sem porquês, só vida.

Ah, esse mal tão doce que me trazes.
De tudo somos capazes.
Troçamos da moral em pequenos risos,
E são descabidos todos os juízos.

Crescem murmúrios nos lábios,
Ânsias de êxtase por dentro,
Consumimos o corpo em movimento.

Em cada toque, a nota da pele sobe no ar,
Sou flor em estufa, tão quente,
Plantada pra te abraçar.
Sorvendo a chuva das mãos, impaciente.

Enganas-me o ventre,
Em desejos de assinalar a presença
No mundo,
Tudo é superficial e profundo,
Só até onde quisermos.

E nessa procriação nos detemos,
Sorvendo tragos prolongados
Dos suspiros exagerados,
Procurando cheiros líquidos,
Promessas de amores insípidos.

As sinestesias do corpo não se explicam,
Só os sentires estranhos as complicam.

Enlaçam-se as mãos em gesto apaixonado,
Sente-se a rigidez do desejo afogueado,
Rubor nas faces, olhares, janelas vítreas,
Permanecemos enlaçados, alheios a críticas.

A palavra, obsoleta
Tranca-se na garganta.
De coisa concreta
Já a vida tem tanta.




Imagem retirada da pesquisa de imagens do Google.

1 Comentários:

Anonymous Anónimo disse...

ui ui, bastante erotico mas bonito.
o que achas "Teorias"?

Albatroz

setembro 05, 2006 1:02 da tarde  

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