terça-feira, outubro 10, 2006

Mais uma divagação, se calhar+1disparate

Relações, confiança, ilusão, medo, insegurança, auto-estima. Um monte de substantivos que transitam sobre mim, passam como se existissem automóveis, veículos de palavras, embatendo de frente comigo.
Está tudo interligado, mas não são todas parte integrante da primeira.

Magoar parece ser uma coisa muito fácil e não há limite vincado para onde começa e termina o acto de magoar. Há quem magoe pelo simples facto de estar desconectado da nossa realidade, há quem magoe por estar precisamente muito a par da nossa forma de ser, o faça sem dar conta, o faça por pura maldade.

A Omissão de certas coisas magoa, certo que não é igual a uma mentira, mas é grave, porque achamo-nos numa realidade diferente daquela que foi erigida em nosso redor. De repente, os nossos alicerces abanam. Não é a mesma coisa que uma mentira, mas pode ser igualmente entendido como uma traição, trair o nosso direito de participar ou saber. Até que ponto uma omissão é pequenina, inofensiva, sem importância, e até que ponto pode ser razão de desconfiança, incerteza, ruptura, e fazer transbordar águas dos aquíferos do passado, por baixo desses alicerces?

Reacções... Há pessoas que mantêm e muito bem a compostura depois de ter conhecimento de um facto omitido e que achavam de extrema importância. Agem indiferentemente. Não as atinge, a auto-estima está no auge perante todos os factos, os alicerces não abanam, estão seguríssimos da realidade erigida.
Para alguns o mundo cai, o terramoto da tragédia abana todas as estruturas, que se não forem seguras pela confiança rapidamente se desmoronam.
Eu acho que fico no intermédio... não sei muito bem o que é, onde fica, onde pára, tal como não sei dizer se confio, se me tenho em conta superior a tudo que possivelmente me abale. Mas sobretudo, e quando quem magoa é próximo, não sei como reagir. Vou arranjando um meio-termo entre a indiferença e o drama interno.

“Justiça” é uma das palavras cujo significado ainda perscruto, para decidir se a omissão merece a minha maldade completa, o meu desprezo, a minha indiferença; Um elevado sentido de justiça, aquele que segundo a vox populi, a casa que tem esse nome, poucas vezes consegue fazer. Como serei eu justa então, se os até os exemplos dados deixam a desejar!

Por vezes o turbilhão interior de sentimentos não nos deixa tomar as melhores decisões. Então e quando as coisas estão feitas e não há nada para decidir? Nenhum castigo dará reverso ao que foi já omitido. A “Desculpa”, essa palavra traiçoeira, que se não faz transbordar a sinceridade da boca de quem a profere, merda com ela, “as desculpas não se pedem evitam-se”, é mais um vocábulo na boca de toda a gente, cujo significado se perde...

Eu desculpo a mim mesma pela indecisão de ser abominável como nunca fui, esse lado está escondido num canto recôndito, mas existe, como em toda a gente. Será que uma omissão é quanto baste para revelá-lo?

4 Comentários:

Blogger teorias disse...

Relações, confiança... mentiras... isto dá pano para mangas! Já pensei muito sobre estas questões e raramente chego a conclusões consistentes. Acabo por pensar que cada caso é um caso e que deve ser visto á luz das suas especificidades e inserido no seu contexto. O que no fundo é o mesmo que dizer que não cheguei a conclusão nenhuma.

Magoar é fácil... sair magoado mais fácil ainda... as omissões acontencem e cada um de nós as faz diversas vezes ao longo da vida... o mais importante é perceber a intenção dessas omissões... é tudo bastante complicado e quando se fala de relações entre pessoas há que elevar essa complexidade ao quadrado... ou será ao cubo? Não faço a nínima ideia...

outubro 11, 2006 4:21 da tarde  
Blogger Ponta Solta disse...

É ténue a linha entre a omissão e a mentira, passa a ser ténue a linha entre o querer e o deixar de querer contacto contra alguém que as comete...

Intenção? é definitivamente uma coisa pertinente, especialmente qd por mais que nos esforcemos, o olhar só abarca maldade e a compreensão só atinge a essência da falsidade...

Complexidade elevada à décima potência... sentimentos à mistura e temos o complicador a trabalhar a mil!

outubro 11, 2006 5:19 da tarde  
Blogger teorias disse...

Numa situação de mentira ou de omissão não é fácil controlar o que se sente. Se calhar a melhor forma de vivenciar a situação de forma funcional é não controlar mesmo. O ódio e e a raiva são os melhores tira-nódoas emocionais (pelo menos é que diz o Eduardo Sá)!
As desculpas são tão fáceis que às vezes até irrita ver as pessoas a pedí-las! Já ninguém se preocupa em concertar o erro, mas antes em pedir desculpas... será que achas que assim o erro se concerta sozinho? Não faço a mínima ideia...

outubro 11, 2006 5:52 da tarde  
Blogger Ponta Solta disse...

Eu não tenho o hábito de me desculpar-me, quer dizer, quando as coisas estão feitas e posso remediá-las, tento, se não há remédio que vale eu pedir desculpas? Se há sinceridade, ainda mais ou menos, se não há, gasta-se a palavra e não se concerta nada!

Acontece que esse tira-nódoas são muito bons, mas ás vezes magoam ainda mais do que aquilo que sujaram e nos levaram a usar os tira-nódoas para limpar... dilemas, dilemas...

outubro 11, 2006 6:02 da tarde  

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