Abraço do Equinócio

Nesta tarde,
Sobra-me o tempo disperso
Das almas vagabundas.
O segundo equinócio aproxima-se
Com seus abraços demorados
E eu sei os possíveis fados
Que as folhas cantam
Na vertiginosa viagem.
E ele é lógico,
Pois os dias e as noites
Não mais se transformam
E a vida tornar-se-á igual,
Independentemente
Dos trinados felinos
Nos telhados, sob a atenção lunar,
Independentemente
Da força da candeia eterna
A emergir dos montes.
Nesta tarde,
Sobra-me o tempo
Da exactidão e da lucidez
Do momento.
Que é tudo o que invento.
Contexto original da imagem: www.hai-kai.blogger.com.br
8 Comentários:
Prefiro os Solstícios aos Equinócios! Não que não goste do equilíbrio inerente a estes últimos, mas porque me agrada mais a ideia da ousadia solar ao estar mais presente no Verão... ou ao "esconder-se" no Inverno. Parece tomar posição, e não limitar-se a estar "equilibradamente" em equilíbrio! Não tenho nada contra o equilíbrio, mas começo a suspeitar que me agrada a teoria do caos (pelo menos algum dele)
Pois o caos, se for um bom caos, é sem dúvida bem vindo... e quando o equinócio parece uma coisa pra durar (como, se reparares, é o caso deste)os dias tornados iguais são uma completa chatice...
Uma boa dose de caos, bem condimentada com uma dose de doce loucura... são essenciais para a manutenção da saúde mental do mais mortal dos humanos! Diria que, até ao momento, já tenho a dose do caos...
A mim falta-me a minha cota de caos, para fazer a diferença nos dias iguais...
Há realmente dias em que pensamos se realmente estivemos acordados, ou se simplesmente fizemos tudo mecanicamente.
Neste momento, a escrita é o meu caos!
Parece-me muito mais fácil criar o caos necessário, do que a ordem necessária... alem disso, ainda temos algum papel na maior ou menor dose de caos nas nossas vidas (sobretudo na maior dose), por isso...
Mecanicamente?!? Só se aceitarmos para nós mesmos (pelo menos nesses dias) o desempenho do papel de autómatos...
Mais fácil falar do que fazer... Quando a rotina nos ocupa grande parte do dia, ainda que num caos (ordenado), tenho saudades de coisas como o caos das férias para fugir dela...
Mas a mecânica dos dias está fortemente associada áquilo que vamos fazendo de igual todos os dias: o acordar 1 minuto antes do despertador tocar, os transportes à mesma hora, o trabalho repetido na sua fórmula igual. É mecânico ou não?
É mais fácil falar do que fazer... como todos sabemos!
É mecânico sim senhor, sobretudo se deixarmos que o acordar seja sempre igual, que o pequeno almoço seja sempre o mesmo, que a disposição seja a mesma... É claro que todos temos rotinas... é lógico que é bom quebrá-las e fugir delas... mas será que nos damos relamente a esse trabalho? É que não é fácil! É muito mais fácil deixar tudo como está e passarmos o tempo todo a queixarmo-nos de como está!
Se conseguir arranjar espaços diários de fuga à rotina (cinema, café, passeio, leitura, convívio, teatro, concertos... que seja um gelado à beira-mar etc.) então posso dizer que os meus dias têm sempre alguma coisa de diferente! Não será assim?
Dou-te o meu bracito pra tu torceres, sim senhor lol
Mas há coisas que parecem mais fáceis do que aquilo que são. E o queixume realmente é coisa muito fácil.
Mas às vezes parece que estás a andar, e não sais nunca do sítio donde partiste...
Será aplicável aqui uma teoria da impaciencia? Talvez.
Ou se calhar a eterna sensação de incompletude...
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