sexta-feira, setembro 08, 2006

Disparate - Aprender a surfar (barato)


Mais um dia, mais uma voltinha. Mais uma vez, mais um autocarro apinhado na ida para o labor diário.
Entre “desculpe” e “com licença” e fazendo arder uns calos alheios me vou entranhando nesse colosso do autocarro.

“Maldição!”, hoje não há lugares para me sentar. Lá vou agarrada como posso, na viagem de cerca de 45 minutos, e que será seguida de um transbordo para outra com cerca de 25.

As estradas mal-amanhadas são percurso diário e conhecido como a palma da mão por alguns dos motoristas. Talvez seja esse conhecimento, esse à-vontade, essa a confiança, que lhes dará ímpeto para acelerar mais.

Nos meus devaneios, acho que sem querer, aprendi a surfar... E logo eu que sei nadar muito mal!

Quando vejo o desporto rei dos mares na TV, reparo na perícia dos pés, no equilíbrio em cima da prancha sobre as ondas, pernas ligeiramente arqueadas, consoante a ferocidade da onda debaixo da prancha, até o toque da mão na onda a desfazer (não sei isto tem algum nome técnico – esta formação da onda quebrada com as mãos – não percebo nada de surf!) é semelhante ao equilíbrio dentro do grande bólide nas curvas, ao toque que às vezes se dá no vidro com as mãos (mas este é para não cair!)

Então fico a imaginar esta brincadeira, sempre que viajo de pé no autocarro, tento não agarrar-me a nada, só dobrar ligeiramente, e consoante a inconstância da onda, os joelhitos e equilibrar-me em cima da prancha.

De repente, eu e outros surfistas (não de banheira, mas do bus), mergulhamos... em vez da onda a quebrar-se, foi a travadela num buraco da estrada, em vez da água, foi o baptismo da queda no colo do vizinho que está a ver o espectáculo...

Está visto que surfar, não é para mim!

E enquanto as estradas forem tão sinuosas como as ondas, enquanto os instrutores (leia-se motoristas) teimarem que fazendo-nos cair da prancha, vamo-nos sentindo surfistas amadores, no meio das ondas do percurso diário. Enquanto o custo geral da gasolina no transporte próprio suplantar os cerca de 30 ou 40 euros, que custa aprender a surfar na ida para o trabalho e na vinda, vamos remediando os trajectos nas ondas sinuosas do dia-a-dia.

E agora, até quase sentimos a brisa marítima, nos novos transportes com ar condicionado, de tal maneira é a temperatura muito pouco amena que se faz sentir em alguns deles... Com o risco de ser molhada com os pingos das estalactites que me pendem do nariz, e com as janelas abertas em simultâneo que fazem escorrer riozinhos de água das janelas, acho que finalmente arranjei uma pequena justificação para, finalmente, comprar um fato de surf!





Contexto original das imagens: www.ambienteonline.pt

6 Comentários:

Blogger teorias disse...

Obrigado pai, pelo carro que me deste!

setembro 08, 2006 5:17 da tarde  
Blogger Ponta Solta disse...

Eu também tenho carro, mas fica mais económico "surfar" do que sustentá-lo... lol

setembro 08, 2006 5:20 da tarde  
Blogger teorias disse...

Obrigado patrão... pelo dinheiro que me dá para o combustível!

setembro 08, 2006 5:23 da tarde  
Blogger Ponta Solta disse...

Se tiveres essa ajuda de custo melhor, mas apesar do surf, temos de bom as linhas do BUS :-P

Como disse: Nem tudo é mau lol

setembro 08, 2006 5:31 da tarde  
Blogger teorias disse...

Tou a brincar! Não tenho ajudas de custo nenhumas... suporto tudo do meu bolso!
Sei bem o que é andar de autocarro e fazer "surf"... formam muitos anos a usá-lo como único meio de transporte possível!
As pessoas que andam de autocarro desenvolvem um melhor sentido de equilíbrio do que aquelas que nunca tiveram a possibilidade de ter essa experiência por um período significativo. Nem tudo é mau!

setembro 08, 2006 5:42 da tarde  
Blogger Ponta Solta disse...

Pois é, quem não tem cão, caça com gato e é bem verdade!

E os bolsos vão ficando cada vez mais vazios lol

setembro 08, 2006 5:51 da tarde  

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