Dias Turvos - I

Basta de murmúrios de desejos,
Basta de metades de beijos,
De promessas que ficam no ar
Suspensas por um fio invisível,
Parecendo sempre um fim intangível.
Chegam-me já as metades,
Das fraternidades
Nunca dadas a entender,
Chegam-me já os futuros promissores
Que nunca vou ver,
E os inúmeros amores,
Que nunca fiz questão de ter.
São já suficientes os inteiros finais,
Que em “fim” tudo é concreto,
E no principio e no meio, mais que incerto,
E sempre cheio de coisas mais.
Tenho fomes e sedes demais
Desse incerto, desse mais,
De tudo que não chega a acontecer.
Porque viver
É morrer lentamente,
É contentar-se com o sal da terra,
Fazer do incerto uma guerra,
E sair dele concretamente.
Contexto origibal da imagem:www.statticflickr.org
3 Comentários:
Parece-me ser uma alusão à complexidade da vivência humana... à incapacidade de encontrar a plenitude, a satisfação. São por demais os paradoxos que regem a vida dos seres humanos porque muitas vezes não se compreende o óbvio nem se percebe a parcialidade do total. Como dizes "tudo é incerto"... e é quando temos a certeza disso que as coisas se nos complicam... e os dias começam a ficar turvos!
Mas eu continuo sem fazer a mínima ideia...
Lindo!!! Um poema à insatisfação perpétua que nos traça a vida e a torna sempre incerta!!!
Bjs
Incapacidade de encontrar a plenitude; insatisfação perpétua. Definições bem escolhidas pelos dois. É a vida!
Obrigada pela dica do site de contos fairybondage, não conhecia!
bjs
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