quinta-feira, outubro 12, 2006

Existirei

Existirei?
Depois de trocadas as vontades,
Julgadas perpétuas,
Depois de atirarmos ao vento
Palavras arenosas
E voarem sem rumo?

Existirei?
Quando os fumos e os nevoeiros,
Não dissipados desde nunca,
Cobrirem nossos bateis em chamas,
E difundirem nossas dementes loucuras?

Existirei?
Quando houver aquela solidão
Que não existe,
Aquela que inventamos
Por existirmos a par,
Quais seixos iguais inexistentes?


Sim, vou existir,
Quando cada pedaço teimoso
Na memória longínquo,
Apenas me fizer sorrir.
Quando cada saudade pressentida,
Me enclausurar o ar da garganta,
E olhar o redor sem bruma.
Quando no mar o sargaço
Limpar no vaivém toda a espuma,
E ficar a água clara a lavar-me a alma.

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