Concertina

O tempo avança de mão dada com o medo.
Em segredo
As palavras complicadas
Já não me devoram na febre do seu uso,
Porque Eu caí em desuso.
Esqueci-me de me utilizar
Como de escrever,
Esqueci-me de pensar,
Esqueci-me de como se sonha.
O tempo ultrapassa o medo,
Faz-me medonha.
À esquina, um pedinte,
Toca uma concertina,
Sina diferente da minha...
E assim eu não devia
Estar importada com o medo
Ou com o sonho.
Esquecer-se não é não ter com que sonhar.