segunda-feira, abril 23, 2007

Querer


















Quero todas as coisas
Como quem consome
A linha do horizonte sedento de esperanças.
Quero todas as coisas
Com a infinita fome
Que têm as crianças.
E sei onde elas moram
Quando todas as coisas
Se resumem a uma,
Quando todas as coisas
São nos teus braços
O céu, o mar e a bruma
Desfeitos todos os cansaços
Num afago de espuma.

Quero todas as coisas
Que tão finitas me parecem sem companhia,
Quero todas as coisas
Que com ela, são tangíveis num dia.

Quero tantas coisas
Que não sei enumerar o que quero
Quero tantas coisas
Que cabem num amor sincero,

E sei apenas que o que não quero,
É o fim de querer todas as coisas,
É não deixar de dizer que te quero,
E de contigo querer todas as coisas...

23/04/2007


Imagem conseguida através do google - autor Olho de Lince

quinta-feira, abril 19, 2007

Today's uncertain reflection

















O mundo cabe numa chávena
Sempre que não viramos a página.

A sós, ou no logro do pensamento














Sós.
À distância de um “heart-beat”
Com o coração em despique
(é tão mais mel dizer heart-beat”
Que batimento cardíaco,
Mas talvez, sou eu que complico)
E são só estas paredes que nos prendem,
Do corpóreo desprendidos
E são só estas mãos que se perseguem,
Na fluidez dos sentidos.
E estamos sós
E dá-me esta dor,
Esta dor da consciência,
De querer descodificar o amor
Dentro da nossa existência.
E afinal não estamos sós,
Em qualquer parte que estou
A mim própria me persigo
A consciência não tem voz,
Mas quando digo “sós”,
Trago outro alguém comigo.
E não querendo um dia ser rei,
Desta consciência insistente,
Eu “só sei que nada sei”
Nesta liberdade doente.
Imagem conseguida através de pesquisa no google.

terça-feira, abril 17, 2007

Claustro ou as paredes invisíveis















Tenho as janelas corpóreas
Tenho as portas no trinco
Mas sofro das histórias
Do claustro em que me sinto.

Tenho o ar por consumir,
Toda a porta que posso abrir,
Tenho a arte e o engenho,
Mas a força, não a tenho.

Tenho o ter dentro do claustro
Tenho o pensamento exausto
Cativo do castelo da porta aberta
Cativo do corpo, pela alma incerta.


Imagem conseguida através da pesquisa do google

sexta-feira, abril 13, 2007

Sugestão

Uma vez que não abunda a inspiração, aproveito para fazer uma sugestão, que planeio seguir no fim-de-semana.
O "Último beijo" estreou ontem, com Zach Braff, do argumentista de "Million Dollar Baby" e do co-autor de "Colisão".
Uma história com intervenientes principais na faixa dos 25/30 anos, em que o principal, personagem de Zach Braff, questiona a forma em como a sua vida se desenrolou, de acordo com todos os seus planos, mas que no momento presente, lhe parece demasiado certinha, até aparecer alguém que coloca em causa toda essa estabilidade e o faz viver emoções algo esquecidas.
Entre a namorada de longa data e um casamento previsível, tudo parecia perfeito... até aparecer alguém para complicar...
Podem espreitar em www.lastkissmovie.com
Bom fim-de-semana!

terça-feira, abril 03, 2007

Já te disse tudo...

E se fica por dizer a mágoa
E se fica por mostrar a dor,
E se fica escorrido em água
Todo um resto de amor...

Já te disse tudo

Já te disse que não sou tua,
Já te cantei a minh’ alma nua,
E de névoa e silêncio
Se cobre o teu olhar,
De negação e de vento
Pois não o queres lembrar.

Já te deixei as mãos estendidas,
Os braços abertos,
Para te provar que não me querias
Porque os deixaste desertos.

Já gastei a rouquidão,
E já mesmo a mudez,
Para que me estendesses a mão
Para que as merecesses uma vez.

Já te gritei, já te bati,
Já estive inclusive, longe de ti,
E nunca mereci uma busca tua,
Só uma lágrima caída na rua.

E como aquela lágrima
Que do chão se evaporou,
Eu viro a página,
E digo: ACABOU.