quarta-feira, julho 25, 2007

De Passagem...















De passagem
(Sem nada pra levar
Sem passado às costas)

Parto nua,
Sem uma flor no regaço
Sem sentir um abraço
Sem ser tua,
Sem ser de ninguém,
Parto despida,
Sem uma despedida
Sem amor ou desdém.

E declaro-me vento
Por ruas e travessas
Por verdes e florestas
Sem réstia de tristeza,
E também sem alento,
Fintando a certeza
De toda a meteorologia,
Trespassando a heresia
De um esquecido momento.

quarta-feira, julho 18, 2007

Subtil

Não te como há dias
Numa fome sem fim
Amedronta-me a nudez dos teus passos
A estampada descoberta de mim
E saber que me estás na alma.

Não te devoro a carne
Com as garras do desejo impune
Com um intimo queixume
Da distância tão próxima.

Não.
Há dias em que se me estampa
A alma nos olhos sem feitios,
Arabescos do pensamento,
Ou qualquer tormento,
Em que o bicho de mim
Se recolhe à face humana
E prefiro um Amor subtil...

terça-feira, julho 17, 2007

Vamos...





















tecer-nos num manto infinito

na parcimónia impossível

de um sonho quieto.

"O beijo" - Gustav Klimt

quarta-feira, julho 11, 2007

Partida...

Sempre doem algumas partidas, as definitivas e abruptas, as violentas e cruéis. Doridas e ininteligíveis fintam o rosto e a cicatriz não fecha dentro da alma. E ficam os porquês.
Essencial e perene, fica o porquê de um Deus desconhecido, não interveniente, quem sabe, não misericordioso, quando mais dele precisamos, mesmo que a plenitude da sua existência seja dúbia, É nEle que pensamos quando nada mais justifica a perda.

Se como disse Tagore “Cada criança, ao nascer, traz-nos a mensagem de que Deus ainda não perdeu a esperança no homem.” Porque deixarão de viver abruptamente os inocentes?


À Catarina Couto (e a todas as Catarinas que triste e abruptamente nos deixam todos os dias sem que tenham tido tempo para ver o Mundo)