quarta-feira, janeiro 13, 2010

Perfectus amor




















Ainda bem que te encontrei

Numa altura qualquer

me vestiste de mim.

Despi por uns momentos

As minhas pernas e os meus braços
E todos os retratos

Alguma vez de mim pintados

Ficaram vazios.


Ainda bem que te encontrei

E me encontraste
E traçaste as linhas invisiveis

Do prolongamento de mim

E viste onde posso alcançar,
Olhaste para além dos meus olhos

E mergulhaste

Sem saber até onde te sustentavas

E sem querer saber.

Ainda bem que não sabes

Que me encontraste

E que ignoras

Que te trago comigo

Sempre que desenho

O contorno do sítio onde quero chegar

E que os meus olhos pousam

Naquilo que quero ver.

Ainda bem.

Fragilidade dos dias

Todos os dias são frágeis
Quando tocados pelo teu beijo.

Todos os dias são ágeis
Quando levados nas asas de um desejo
Quando o beijo das coisas nos toca
E o ânimo emborca
A negação do Feio.

Todos os dias são frágeis
Quando esse beijo
Não mata a sede
De negar o não das coisas.

Todos os beijos são frágeis,
Coração que os carregue, ágil
E consiga beber
Até secar a sede
De querer calar
A vontade de se negar.

Todo o beijo não chega
Quando cada dia se carrega
Uma parte de nós que se nega.