quinta-feira, novembro 30, 2006

Porque amanhã é feriado... ou outra coisa qualquer...

Para esquecer os cuidados
E os anseios
Venham os feriados
E os recreios.
Oxalá, esta noite
Volte a ser criança,
Oxalá, haja mudança.

terça-feira, novembro 28, 2006

Pequeno retrato da incompletude



O melhor disfarce
É ver a solidão acomodar-se,
É ser só e estar acompanhada
Para um dia, a alma já preparada
Saber o que em verdade a espera,
E ver que a completude é quimera.

Assim por vezes me separo dos sonhos
Dos sítios para onde só me vi partir,
Pois também que alcançados e risonhos,
Novamente os vejo fugir.

E tenho me reinventar,
Como se inventa a completude indefinível,
Nessa mesma máquina de sonhar,
Pensamento indestrutível.

E não é nada estar completo,
A completude não existe,
É da ambição um projecto,
Ora sonho deliberado, ora plano em dia triste.



Imagem conseguida através da pesquisa do google

segunda-feira, novembro 27, 2006

E para isto também...

Às vezes perco-me à procura desse espaço, às vezes,
mais vagabundo do que a perdição do ânimo.

E hoje deu-me para isto...

Um abraço é, por vezes, um espaço vagabundo,
onde o ânimo perdido encontrou um pouso...

sexta-feira, novembro 24, 2006

Céu aberto


Há dias em que me revolta a ordem acomodada das coisas. E tenho vontade de me rir. Rir como no princípio. Rir até sentir as entranhas se abrirem e expulsar a ordem, o hábito, a normalidade, rir tão genuinamente quanto as vezes que efectivamente o diafragma se contrai ao fazê-lo.
Mas rir sem rir de ninguém, sem ver uma comédia, sem ouvir uma calinada, uma falsa farpa espetada em alguém. Sentir a vontade de contrair espontaneamente os músculos da face, inundada da energia que faz mover o sorriso.
Apetece-me rir como um Verão de céu aberto, sol transparente.
Contexto original da imagem: www.photobucket.com

quarta-feira, novembro 22, 2006

Desafio maníaco ...

Menina et, cá vai a resposta ao desafio proposto, se bem que desde já aviso que a minha batota vai ser não nomear todos os 5 bloguistas, até porque alguns dos que eu nomearia, foram nomeados por ti ;-).

Então é assim:

Regulamento:Cada bloguista participante tem de enunciar cinco manias suas, hábitos muito pessoais que os diferenciem do comum dos mortais. E além de dar ao público conhecimento dessas particularidades, tem de escolher cinco outros bloguistas para entrarem, igualmente, no jogo, não se esquecendo de deixar nos respectivos blogues aviso do "recrutamento". Ademais, cada participante deve reproduzir este "regulamento" no seu blogue.

Cá vão as atrocidades:

Mania 1: Um café e (não, não é um bagaço), mas um cigarro – ajuda-me a fazer a digestão...

Mania 2: Quando as janelas do computador não abrem, quando as células do Excell não correm, é ver-me a tamborilar os dedos freneticamente no tapete do rato, em jeito de nervoseira...

Mania 3: Não sei porque raio, apanhei isto com alguém de certeza, qualquer coisa fora do normal que me dizem eu lá respondo “Oh por favor, por favor” Parece que estou a suplicar...

Mania 4: Ao sair dos transportes públicos, por mais longe que esteja de casa, saco sempre das chaves de casa, se a porta do autocarro tivesse fechadura, desconfio que a minha chave já lá estava encaixada...

Mania 5: Eu e o meu secador de cabelo somos amigos, tal como o aspirador e todos os electrodomésticos que façam tanto barulho quanto possível para abafar a minha cantoria desenfreada quando estou a utilizá-los...

E pronto, haveriam algumas mais, mas estas são as que lembrei (ou devo) partilhar...

E as cenas das próximas manias são destinadas a:

Bequitas

Poeta Marinheiro

FairyBondage

Os restantes, a quem efectivamente quiser partilhar...

sexta-feira, novembro 17, 2006

Sussurro eterno















As palavras ardem,
Fogo espontâneo
Cinza no rasto,
Tatuagem na pele.

Trago-as em ordem,
No recordar instantâneo
Num rasto nefasto
Em eterno papel.

Arde-me a tua boca
Incendiados os ouvidos
Inflamados os sentidos
Transformada em louca.

E às vezes doces,
Como esperava que fosses,
Fica um fogozinho,
A alumiar meu caminho...

Contexto original da imagem:www.weblog.com.pt

Divago...


Os afectos. Pergunto-me muitas vezes o porquê de demonstrarmos tão diferentemente os afectos e de os entendermos como “não-afectos” mais rapidamente do que acreditamos que certo acto ou gesto é sinal disso mesmo.

E não demonstrar, quer dizer que ele existe?
Contexto original da imagem: Marisú Buquet em ww.arteuy.com.uy

quarta-feira, novembro 15, 2006

Virtualidades

Atrasadinha como sou, só agora me pus a pensar nessa coisa da realidade virtual.

Não percebo nada de informática, sei onde é o “on” e o “off”, sei usar um processador de texto, alguns programas imprescindíveis ao meu quotidiano, sei o que é o MSN, obviamente, mas estou a leste. Eu sou tão atrasada que só agora tenho noções do que são coisas como o hi-5, o myspaces, e a blogosfera... E de repente estou numa realidade surreal, em que se tem amigos que o são porque gostaram da nossa fotografia, em que num piscar de olhos se divulga, escreve e posta o que se quer na Internet e ao alcance de todos, como, aliás, vou fazendo nestas linhas.

Não vou explorar a minha versão de bom ou mau, não interessa a ninguém. Dou-me conta que interajo com pessoas que desconheço, que qualquer pessoa sabendo um detalhezinho de mim, mete o meu nome num dos variados motores de busca da net, e com um bocadinho de paciência consegue saber mais coisas de mim. Basta que eu esteja inscrita num qualquer organismo público que divulgue uma listagem pela internet e “voilá”.
Há dias pus-me a experimentar (cada tolo ocupa o seu tempo como acha melhor) e consegui descortinar, através de um fragmento de um endereço de e-mail, o nome completo, a idade, e: o número de telemóvel da pessoa XPTO. Ora eu ponho-me no lugar da pessoa XPTO e penso: como é que eu dou os meus dados a um órgão público do qual faço parte, e basta um obcecado qualquer colocar o meu mail no Google, que de repente tem o meu nome, a minha morada, o MEU TELEMÓVEL à mão de semear?

A realidade é uma coisa vista diferentemente aos olhos de cada um, portanto, subjectiva. Falo com amigos emigrados, no MSN, porque é efectivamente mais barato do que estar ao telefone para o estrangeiro, falo com os que estão por perto, também. Sei que esses são de carne e osso, mas em que “realidade” devo encaixar os outros? Entre um e outro flirt, entre uma foto apelativa, umas frases interessantes e supostamente condizentes com a pessoa que está do lado de lá, qual é a importância que devemos dar à nova realidade que se apoderou de nós? A importância de estarmos a falar com uma pessoa que não se palpa, será a mesma de que falar com alguém com quem temos também afinidade, mas que já vimos “in the flesh”?
Há razão de ciumeira de uma ninfa ou Hércules (para aquelas que gostam do tipo – não me ocorre agora equivalente a ninfa no masculino) virtual que se atracou ao marido/mulher através do MSN? A afeição é real? Ou apenas um clone imperfeito da realidade (que há quem diga, que nem existe - lol)?

A realidade do corpóreo, da presença física, do “ver p’ra crer”, a sua importância, será discutível face à realidade que se nos oferece virtualmente? Os amigos virtuais existem? Aparte os atrasados mentais que a usam com fins pedófilos, constroem-se de facto afeições pela net, sem que o “ver p’ra crer” seja condição obrigatória?

Bem, vou agora teclar mais uma “beca”, encher as janelas de conversa de palavras portuguesas que recentemente descobri que se escrevem com “x” no fim, e dizer ao “Cúpido” que aqui a “Afrodite”, por sinal loira e apetitosa, foi fazer uma busca, mas não encontrou ainda o seu número de telemóvel...

terça-feira, novembro 07, 2006

Reflexão curta e óbvia(?)

Ver alguém partir, para a fragilidade acidental emanente ao ser humano, de uma sala num bloco operatório, por mais pequena que seja a intervenção; vê-la na fragilidade disfarçada pela valente pequenez do tempo que lá vai estar, é sempre uma imagem da qual queremos distância ou que julgamos combater com a evidência de quase sabermos que tudo vai correr bem, que nada tem razão para correr mal.

É óbvio nessa altura, em que nos julgamos mais fortes do que somos, que todas a palavras gastas, não se gastaram jamais, que todos os momentos tão intima e docemente guardados, afinal sabem a pouco e queremos mais, que os beijos e as lamechices, deixam de ser qualquer coisa reprovada ou mimalhice infundada, para se mostrarem bem à superfície do olhar tornado turvo na repentina verdade em que se tornaram, ao roçagar uma despedida temporária, mas que leva sempre um aceno, um olhar de que nunca nos vamos esquecer.


O mundo pára minusculamente, sempre que vemos alguém partir, ainda que o saibamos regressar.

Paragem






















E o mundo parou minusculamente

Por te ver partir,

Ainda que te soubesse regressar...

Contexto original da imagem: www.oblogdorapaz.blogs.sapo.pt

quinta-feira, novembro 02, 2006

Dentro da caixa




Sinto morrerem os beijos.

Estão murchos, dentro de uma caixa

Igual à do menino que roubou a estrela

E a guardava só para a ter junto a si...