sexta-feira, novembro 23, 2007

Estranho Léxico de um Chamamento (com ou sem pontuação)
















Clamei pelo teu nome,
Mas não vens.
Não vens nunca.
E chamo-te até à exaustão.
És um nome gasto docemente
Já sem a inocência dura
Da paixão que não sobrevem
Só nós mesmos
E nunca afirmados
Sabemos
O que o meu chamamento quer dizer.
E que o teu nome,
Exaustivamente gasto,
De mil e uma maneiras,
Faustidiosamente reinventado,
Diz todo o resto.
Foste, ainda antes
De regressares a este clamor
E sempre regressas
Prevalece a tua vontade
(Ou a minha?)
Quando me calo
E já não encontras no teu nome
As outras palavras todas
Que se apagaram do léxico
Quando me conheceste
Só eu te sei chamar
E guardo o teu nome
Na boca obcessiva
Na esperança tola
De com ele tudo poder mostrar.

quarta-feira, novembro 21, 2007

Doentio



















Em que pensar senão em ti? Versos ridículos ou apenas o auspício de escrevê-los, folhas amarrotadas cheias de ti. Deixo o labor de lado e penso neste fado que a minha vida vai cantando. Dolente...


Nunca escolhi um fado alegre para ouvir, nem tão pouco os ouço... Escolhem de vez em quando os meus ouvidos, e sentam-se a retinir num momento singelo.



E penso em ti. Não tenho mais nada em que pensar. Tenho uma cabeça oca que precisa de funcionar. E tu és a temática perfeitamente imperfeita onde posso estender a miséria do mundo que tantas vezes não sinto porque não estou miserável... Ou estarei?



Miserável na minha pequenez, no meu pobre pensamento, subitamente abastado de ti. Será ridículo e propiciamente brejeiro dizer que és a minha riqueza?






Ai, esta dor de pensar como eu penso...






Essa ferida aberta em ti... de tanto te pensar.



Imagem conseguida através de pesquisa no google.

segunda-feira, novembro 19, 2007

















O corpo esguio, fugídio,

A face dúbia, sem nitidez.

E presente, sempre.

Um ar ácido, pouco plácido,

Sorri ao longe com desdém.

E quase tangível,

Quase definível,

Quase palpável,

E quase quase afável

Capaz de rebentar o coração,

Ela está sempre aqui... a ilusão.





Imagem conseguida através de pesquisa no google


Distância














Vi entre os fumos,

Névoas de cheiro perturbante,

O vulto de um sonho,

Que me olhava distante.

E na sala, gente sem fim,

Gente que se olhava e media,

Tão longe de mim

Quanto o sonho que eu queria.


Imagem conseguida através de pesquisa no google.

sexta-feira, novembro 16, 2007

Crepúsculos













A cada instante, o calor de um mês de Maio morno saía dos teus braços, sonolenta despedida de um Inverno frio. A cada instante, aflorava-me à pele uma sensação estranha de vitoriosa felicidade, mas nos olhos havia uma tristeza mórbida, espelho de um sol moribundo no horizonte.

Já provei braços de pedra, rijos e frios como o Inverno passado, secos e ásperos, como a terra que ele não lavou.


E Verão ardente, língua sem saliva que sobrasse para articular palavra que fosse, sôfrego e quente em beijos que ardiam... Sem sentido, sem pensar, sem alma... cheios de corpo.


O Inverno já me sobrou... Nunca gostei muito do Verão.


Prefiro a Primavera.


Imagem conseguida através de pesquisa no google