sexta-feira, agosto 24, 2007

Exílio de espuma
















Hoje parto
Mas não embarco
Já derivo há muito tempo
No murmúrio do vento
Que devolves ao passar,
Rumo ao exílio
Onde o vento encontra a bruma
Nos braços da espuma
Das ondas do mar.

Hoje parto
Para ficar.
Hoje parto,
Num eterno navegar.


Imagem de www.milcores.pt

terça-feira, agosto 21, 2007

Negação corrupta de um amor

Novamente te sinto,
É a minha estranha natureza
Em que te aceito
E te desminto.
O meu ser está feito,
Longe da certeza
Longe da realização,
Só crescentes devaneios,
Que me inundam o coração.
E entre todos os receios
Que me atordoam a razão,
Ficam estes braços meios
Que te estendem a mão.

Poderias ser um Deus,
Que se aceita
Que se nega
Podias ser um efémero Adeus
Que o oscilar da mão carrega,
Mas deita,
Encosta-te-me na alma
Para poder saber que estás aqui
E que é verosímil
Todo o pouco que já vi…
Deixa-me a calma,
O estertor mudo da ternura,
Um pedaço de clausura
Cativa que estou, assim,
Fica sentido, junto a mim.

segunda-feira, agosto 20, 2007

Volto amanhã

Volto amanhã.
Quando a tardinha não insistir
Que não posso.
Volto amanhã,
Quando tiver retorno
Dentro dos braços que desejo.

Volto amanhã.





...Por agora...

Tardes...














Nada se avizinha
Nem uma avezinha
De voz quebrada
Vem bater à minha porta,
E não estou morta.

Nada entra em mutação,
Só o bater do meu coração,
Apertado dentro do peito
E desajeitado no leito.

Nada se apaga
Nestas horas vãs e duras
Em que as mãos inseguras
Tremem de desassossego.

E fica o medo,
O medo destas tardes sem fim
Em que mergulho dentro de mim,
Sem respeito nem licença,
Arrancando uma sentença
Para quem sou e me tornei,
Dentro de quem eu não sei…

Nada se avizinha,
Nem um horizonte submerso,
Nas muralhas da escuridão,
Nem um sorriso imerso
De outro coração…